sexta-feira, 13 de julho de 2007

Notas Sobre a Geografia do Ciberespaço

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Notas Sobre a Geografia do Ciberespaço
Cláudio Cardoso*


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As novas tecnologias de comunicação - as redes telemáticas, a telefonia móvel, as televisões a cabo - caracterizam-se sobretudo por permitir conexões online e interativas, ou seja, imediatas no tempo e, numa situação onde os comunicantes estão compartilhando o mesmo meio. Essas interações se dão mediadas pelas interfaces dos próprios meios: a tela e o teclado do computador, o controle remoto da TV, o áudio dos telefones móveis. Estes meios estabelecem uma "condição ambiental", o ciberespaço.

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A noção mais usual do termo ciberespaço refere-se basicamente ao conjunto formado pelas "novas mídias". No entanto, o ciberespaço, enquanto fenômeno da cultura contemporânea, vai muito além da simples utilização destas ferramentas de comunicação, ao promover o aparecimento de um novo e profícuo espaço sócio-cultural. Além disso, "mesmo sem ser uma entidade física concreta, pois ele é um espaço imaginário, o ciberespaço constitui-se em um espaço intermediário. Ele não é desconectado da realidade mas, ao contrário, parte fundamental da cultura contemporânea. O ciberespaço é assim um complexificador do real."(1)
Ao mergulhar no ambiente do ciberespaço o usuário vai experimentar uma espécie de "abolição do espaço" e circular num território transnacional onde as referências de lugar e de caminho que se percorre para se deslocar de um ponto a outro, modificam-se substancialmente, para não dizer, desaparecem.

A intensificação do uso das novas mídias vem possibilitando, nos últimos anos, o surgimento de uma imensa e complexa cultura onde fervilham agrupamentos sociais inéditos, práticas anônimas de interação, tribos cyberpunks, hackers (espiões das informações circulantes na rede), etc. Encontra-se complexidade e pluralidade na formação dos múltiplos ambientes sociais: agrupamentos efêmeros e velozes, onde impera o descompromisso com a permanência e duração das interrelações; jogos interativos de criação de identidades, onde centenas de "personagens inventados" se encontram; fóruns de debates científicos; pontos de encontros de praticantes das mais diversas atividades, da culinária à Yoga; navegantes solitários em busca dos tesouros do imenso acervo que já se disponibilizou nas redes.

Todas estas práticas, e muitas outras, compõem um cenário maior de acontecimentos que se inserem no contexto da pós-modernidade contemporânea. Elas vem de encontro aos temas que hoje dominam tanto práticas sociais (proliferação de tribos urbanas, voyeurismo, etc), como arquitetônicas, onde encontramos, como diz HARVEY (1992) referindo-se à cidade pós-moderna, "ficção, fragmentação, colagem e ecletismo, todos infundidos de um sentido de efemeridade e de caos".(2)

Este artigo pretende ser uma reinvindicação da importância do ciberespaço como um fenômeno exemplar da pós-modernidade, na medida em que ele torna possível, e de certo modo realiza, o antigo sonho de uma "inteligência coletiva" que por sua vez implica em deslocamentos das noções convencionais do espaço. Nos concentramos aqui precisamente no aspecto espacial do ambiente das redes eletrônicas como um modo de ilustrar implicações entre aspectos da territorialidade da cidade pós-moderna e a suspensão das referências materiais no ciberespaço: "depois da modernidade que controlou, manipulou e organizou o espaço físico, nos vemos diante de um processo de desmaterialização pós-moderna do mundo. O ciberespaço faz parte do processo de desmaterialização do espaço e de instantaneidade temporal contemporâneos, após dois séculos de industrialização moderna que insistiu na dominação física de energia e de matérias, e na compartimentalização do tempo. Se na modernidade o tempo era uma forma de esculpir o espaço, com a cibercultura contemporânea nós assistimos à um processo onde o tempo-real vai aos poucos exterminando o espaço."(3)

Embora não esgote nem represente todo o ciberespaço encontramos na Internet, a principal rede telemática mundial, uma série de condições especiais acerca da questão da territorialidade. Estamos interessados aqui em mapear alguns elementos que compõem a "natureza" desta "territorialidade". O ciberespaço é um "espaço mágico", é uma "outra dimensão" que coloca em relação todo aquele que aí se encontre: é a "casa da imaginação, o lugar onde se encontram racionalidade tecnológica, vitalismo social e pensamento mágico."(4)

Ao fazermos estas considerações estamos reinvindicando que se adicione uma nova "tensão" à lista daquelas que compõem o cenário das tensões que caracterizam o panorama da pós-modernidade contemporânea, partindo da redefinição das fronteiras e do mapa do mundo contemporâneo que vem ocorrendo nos últimos anos - formação de blocos econômicos, abertura das fronteiras alfandegarias, globalização, intensificação dos intercâmbios culturais, etc. - e da natureza "imaterial" do ciberespaço. Ou seja, reinvidicamos a inclusão do advento do ciberespaço como um dos fenômenos da pós-modernidade que intensificam uma das suas mais importantes características, a redefinição do espaço moderno.

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A Rede nega, de certo modo, a geometria. Mesmo que haja uma "arquitetura" das conexões da rede de computadores, mesmo que exista uma "topologia" das instalações dos cabos por onde trafegam as informações eletrônicas, mesmo que os projetos dos nodes e links das redes telemáticas assemelhem-se ao desenho de uma cidade, seu ambiente é marcado por uma não-espacialidade. Não se pode ensinar a um visitante o percurso que se faz para alcançar um determinado local. Também não se pode descrever a paisagem e as referências desse caminho. Não há percurso. O que se tem é unicamente a chave de acesso a um determinado "lugar", seja um endereço para o qual se deve enviar um e-mail, seja um site www que se queira visitar. A rede é um ambiente: nenhum lugar em particular, mas todos de uma só vez. Não se vai a um lugar, mas se entra nele. Na verdade, apesar do habitual uso da figura metafórica, é evidente que, quando estamos "explorando" a Internet (ou "navegando-a") não estamos indo de fato a lugar algum; estamos apenas executando um ato eletrônico de acesso a um banco de dados, a uma informação.

Um banco de dados pode, no entanto, abrigar uma sociedade inteira.(5) Basta para isso que seus usuários decidam fazê-lo. O que é um newsgroup (lista de discussão), um chat (bate-papo online) ou um Role Playing Game do tipo MUD ou MOO,(6) senão um banco de dados compartilhado por vários usuários ao mesmo tempo? Vale lembrar que é justamente aí, nestes bancos de dados, que fervilham todas as sociedades e tribos virtuais. LÉVY (1996)(7) , defende a idéia do ciberespaço como um meio onde será possível se consolidar a tecnodemocracia. Essa tecnodemocracia seria uma nova formação política onde a tecnologia eletrônica tornaria viável o desenvolvimento de comunidades inteligentes, capazes de se autogerir. Um grupo internacional de pesquisadores estão desenvolvendo um programa chamado "Arvóre da Inteligência" que executaria a função de integrar a participação de todos em um super-fórum mundial de opiniões, idéias e tendências.

Em recente entrevista ao jornal eletrônico "Universo Online", questionado sobre este programa, o autor francês argumentou o seguinte: "é um programa onde os membros de um grupo alimentam um banco de dados com informações sobre o que podem e gostam de fazer. O programa mapeia as listas de todos os membros e identifica a árvore do conhecimento daquele grupo. Sempre que um novo membro é incorporado a esse grupo, o programa reorganiza essa árvore. É um programa, portanto, que tem por finalidade, orientar, dar visibilidade, às potencialidades de um grupo, permite que ele utilize a sua inteligência coletiva e promove o intercâmbio entre pessoas de grupos diferentes, dotados do mesmo programa, que constróem novas e novas árvores de conhecimento e de inteligência coletiva."(8) Este imenso fórum eletrônico seria uma versão atualizada da Agora, o espaço público da assembléia popular na Grécia antiga. Não sendo mais possível reunir todos no mesmo lugar, as novas tecnologias estariam proporcionando uma aproximação o mais real possível deste ideal. A diferença é que atualmente não mais se faz necessária a presença física dos participantes na mesma arena. O espaço público cedeu lugar à partilha dos bancos de dados.

Mesmo o endereço do e-mail não corresponde a um local determinado, mas sim a uma chave eletrônica de acesso a alguma caixa de mensagens, localizada em algum computador, em algum ponto da rede. Diferente de um telefone fixo ou um fax, que conectam pessoas entre locais específicos ("o telefone da sala de jantar", "o fax do escritório", "o telefone do meu amigo de Londres", etc.), a troca de e-mails conecta pessoas entre locações indeterminadas. Apenas enviamos mensagens sem saber exatamente ao certo onde elas serão recebidas, mas apenas por quem serão recebidas.

A rede entretanto não elimina uma dimensão tradicional da vida em sociedade: em nossas cidades, os locais onde andamos dizem, de certo modo, quem somos. Além disso existem estratificações nos próprios acessos aos locais: lugares nos quais pode-se ir ou não. A geografia das cidades revela, às vêzes de modo brutal, as hierarquias e tensões sociais: em todas (ou quase todas) as cidades a divisão por bairros corresponde às estratificações de classe, aos agrupamentos étnicos, culturais, etc. Aos poucos, os usuários da Internet também vão descobrindo quais "lugares" gostam de frequentar e vão criando espaços de encontro e intercâmbio com seus pares. A diferença consiste na extrema mobilidade e acesso ao todos os lugares, além da questão do anonimato, de certo modo já antecipado pelo "anonimato da cidade grande".

Há uma nova espacialidade surgindo com o ciberespaço no que se refere à sua organização. Quando entramos em um prédio da nossa cidade encontramos uma série de referências à organização deste espaço: o andar da administração, a sala da diretoria, o setor de arquivos, a biblioteca, os banheiros, todos eles estão dispostos e indicados de modo que podemos nos deslocar e encontrar os diversos pontos de destino. Mas quando (ou melhor, se) a telecomunicação substituir, ou mesmo diminuir vertiginosamente a frequência das nossas visitas aos prédios e praticamente suprimir a circulação dos nossos corpos pelos caminhos da nossa cidade, quando a telepresença substituir o contato face-a-face, as conexões espaciais presentes nos espaços públicos estarão perdidas. A organização do ambiente não se dará mais por uma disposição arquitetônica do espaço, mas por uma organização puramente lógica do acesso à informação. A funcionalidade do lugar não estará mais submetida nem a um "funcionalismo", nem a uma "arquitetura ecológica" integrada à paisagem e ao ambiente, mas a uma "funcionalidade lógica".

Os arquitetos do futuro ainda estarão preocupados com o design, a organização e a conexão de espaços "reais" e virtuais, ainda estarão preocupados em satisfazer as necessidades humanas. Eles ainda estarão preocupados com a qualidade visual, com a comodidade e a beleza, mas comodidade será cada vez mais uma questão de funções de software e design de interfaces do que propriamente de integração física dos espaços ou material de construção.

Partindo do tempo dos nossos ancestrais que vagavam em busca de um local seguro para repousar das caçadas nômades, passando pela fundação das cidades para onde acorriam os mercadores, até os dias atuais, quando vamos aos shoppings centers ou ao teatro, podemos acompanhar um fato que permanece em toda a história: trata-se de deslocar/transportar nossos corpos para um local específico, num tempo específico, com uma finalidade específica. De início estes locais eram de difícil acesso, localizados a longas distancias um do outro, através de caminhos inóspitos. A evolução dos transportes, dos mapeamentos e dos meios de comunicação foram transformando aos poucos, não apenas a possibilidade de acesso e circulação para locais distantes, mas alterando a própria noção de distancia e a compreensão da geografia dos lugares. Geografia sempre foi uma questão de destinação, de deslocamento.

Hoje estamos sentados diante dos computadores das nossas residências, com várias "janelas" do ambiente windows abertas: uma monitorando um canal de voz da conversação em tempo-real com um amigo no Canada, outra com uma pilha de correspondências de pelo menos oito diferentes países recebidas nas últimas 24 horas através do e-mail, e uma última "janela" com a imagem ao vivo do sobrinho que mora em São Paulo, transmitida através de uma pequena câmera acoplada ao seu computador. A localização dos nossos corpos não define mais o circuito de interações: a pessoa que agora passa logo ali diante da nossa casa encontra-se mais "distante" do que nosso amigo no Canada. O habitat humano está sendo re-inventado. Quando o deslocamento era um problema crucial - 45 dias era o tempo que levava para uma carta sair de Salvador e ser entregue em São Paulo nos anos 50, para não ter que recorrer a um exemplo do século passado -, a comunidade era basicamente a vizinhança. Este "aprisionamento" à contingência espacial foi modificada radicalmente no nosso século mas nunca deixou de estar ligada à condição geográfica: o avião continua tendo um tempo de vôo, por mais curto que seja, por mais que "pulverize" as distancias pela velocidade. "Hoje, na medida em que a telepresença aumenta e por vêzes substitui a presença física, e cada vez mais os negócios e as interações sociais transferem-se para o ciberespaço, pensamos que a acessibilidade depende cada vez menos da proximidade. As comunidades estão cada vez mais descoladas da realidade geográfica. Nossas conexões nas redes estão se tornando mais importantes do que a localização dos nossos corpos".(9)

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Estamos iniciando uma era onde a "extensão" dos corpos será eletrônica e se dará no ciberespaço, em algum ponto de interseção entre o mundo físico ("carnal") e o virtual, onde a ocupação do "espaço" e as interações se darão tanto no nível da presença física como da telepresença. Um tempo onde uma arquitetura mutante que emerge da fragmentação e da recombinação de todos os estilos, somada à existência de "cidades paralelas" criadas pelas comunidades virtuais do ciberespaço, vai complementar e talvez competir com as cidades de "tijolo-e-concreto" (ou, "carne-e-osso") que hoje existem. "Para os designers e projetistas do século XXI, [restará] a tarefa de construir a Bitsphere - um ambiente midiático eletrônico mundial no qual as redes estarão [disponíveis] em todos os lugares".(10)

Este habitat hipertextualizado não encontra precendentes em relação à questão da relativização, quando não, aniquilamento do espaço. Quais serão suas consequências? Ora, assim como "o ambiente construído constitui um elemento de um complexo de experiência urbana que há muito é um cadinho vital para se forjarem novas sensibilidades culturais"(11) , o ciberespaço - esta é a nossa reinvindicação -, complementa e intensifica a sensibilidade da cultura pós-moderna ao redimensionar o espaço pela criação de um mundo paralelo. Tanto quanto as cidades forjaram o ambiente para a formação das tribos urbanas, a "geografia" do ciberespaço forjou o ambiente para as tribos eletrônicas, para sua própria ética e para o seu cidadão, o Netizen. Há quem defenda a idéia de que após o advento do ciberespaço seja impossível conceber um mapa-múndi recortado à moda de fronteiras entre países. Como se na Bitsphere o mapa não mais fizesse sentido, já que o próprio nome do novo mundo refere-se a uma aglutinação em torno do mesmo ponto esférico, planetário, onde a nação única, formada pelos Netizens, se expandisse por todo o território. Seria a realização da máxima ecológica de que "todos nós viajamos através das galáxias a bordo da nave-mãe Terra". Por outro lado, se de fato queremos enfrentar a questão da "geografia do ciberespaço" e refletir sobre sua influência nas "sensibilidades culturais", vamos nos deter ainda um pouco mais sobre este ponto.

Embora as redes telemáticas venham tendo uma expansão assustadora nos últimos anos, passando de 200 mil usuários em 5 países em 1989 para os prováveis atuais 90 milhões em 180 países, isso não significa simplesmente que as fronteiras tenham sido desfeitas. É inegável a intensificação do franqueamento das fronteiras culturais e o crescimento vertiginoso da circulação da informação mundial. É também certo de que este crescimento deve prosseguir nos próximos anos. No entanto, é preciso tomar a questão com mais parcimônia. Uma pesquisa promovida pela revista norte-americana Wired(12), demonstra que uma média que varia entre 68% a 97% dos usuários da Internet em todos os países é formada por pessoas ligadas à atividades acadêmicas ou por profissionais de informática. A questão é que a efetiva interação internacional, isto é, daqueles usuários que estão frequentemente em contato com outros países (seja pela troca ou pela consulta a informações), circula em torno de 43%, sendo que esta atividade é cada vez maior em países ditos periféricos. Em outras palavras, o usuário dos países ricos tendem a se comunicar menos com informações estrangeiras do que aqueles dos países pobres, que por sua os visitam desproporcionalmente mais. Os Internautas dos países periféricos visitam constantemente informações produzidas nos países ricos. Este último dado reforçar a opinião do Prof. Marcos Palácios, da Universidade Federal da Bahia, para quem "a Internet é mais importante para as universidades dos locais mais pobres porque ela pode suprir sua deficiência mais básica que é a falta de acervo bibliográfico e o acesso à informação".

Ora, voltamos rapidamente a falar de países pobres e ricos, países periféricos e centrais, ao tratar do ciberespaço. A promessa do "fim de todas as fronteiras" rapidamente esbarra nas estatísticas. O sonho do planeta sem fronteiras está longe de acontecer na realidade. Mais do que isso, a pesquisa também indica que, mesmo nos países ricos, há uma complexa estratificação ao acesso da informação, que corresponde em grande parte às mesmas estratificações de fora da rede.

Apesar destes dados parece claro que há uma alteração substancial nas possibilidades de circulação da informação e nas possibilidades de formação de comunidades internacionais, "descoladas da realidade geográfica". Ainda não existem dados suficientes disponíveis que nos permitam ter um perfil mais preciso destas comunidades, mas tudo faz crer que uma boa forma de representar estas novas formações sociais seria o desenho de um mapa que mistura, superpõe e fratura os mapas convencionais. Por outro lado, o mapa da rede como um todo poderia seguir o desenho da própria instalação da rede, do seu "cabeamento". Mas o mapa das interrelações que nela ocorrem, o mapa dos fluxos da informação circulante, esse seria de difícil, senão impossível, representação gráfica. Da "cidade paralela", da Bitsphere, não é possível obter uma "vista aérea" como as que temos das nossas cidades "reais". O ciberespaço melhor se define por um espaço fragmentado, construído por colagens de sistemas de informação, ligados uns aos outros pelo design e por ligações lógicas. Apenas é possível concebê-la por partes: assim como para a cidade contemporânea, "é impossível comandar a metrópole exceto aos pedaços."(13)

Tudo parece indicar que haverá cada vez mais conexão à rede: da rede dos nossos prédios à rede local, da rede local à rede do bairro, da rede do bairro à da cidade, até a rede mundial. Talvez até a conexão à rede dos nossos corpos, monitorando nossa saúde ou nossa identidade. Seria então a realização total da profecia da aldeia global de McLuhan. Enfim, entendemos que é preciso considerar a Bitsphere como constitutivo da cultura da pós-modernidade, contribuindo para a formação da sua própria sensibilidade ao problematizar a questão do espaço no mundo contemporâneo. Mais do isso, procuramos aqui contribuir para um mapeamento mais completo da cultura pós-moderna ao identificar algumas das características do ciberespaço, pois "identificar (...) [suas] particularidades pode nos ajudar à compreender melhor esse lugar poroso e rizomático por onde vai passar toda a cultura do próximo século."(14)

Notas:

* Doutorando em Comunicação e Cultura Contemporânea - UFBA/FACOM, membro do grupo Cyberpesquisa.

1) LEMOS, André. "As estruturas antropológicas do ciberespaço". Salvador: texto produzido para os seminários do grupo Cyberpesquisa/Facom-Ufba, 1996, p.1, inédito.

2) HARVEY, David. "A Condição Pós-Moderna". São Paulo: Loyola, 1992, p.96.

3) LEMOS, André. Op.Cit., p.2.

4) LEMOS, André. Op.Cit., p.4.

5) RHEINGOLD, Howard. "New Tribes in Real-Time". Novembro/95, < http://www.well.com/user/hlr > (06/02/96).

6) Sobre um evento numa comunidade do ciberespaço, ver o interessante artigo de DIBELL, Julian. "A Rape in Cyberspace". In: LUDLOW, Peter (org). "High Noon in the Electronic Frontier". Boston: MIT Press, 1996.

7) LÉVY, Pierre. "O que é o Virtual ?". São Paulo: Editora 34, 1996.

8) BEIGUELMAN, Giselle (redação do "Universo Online"). "Entrevista com o Filósofo Pierre Lévy". Outubro/96, < http://www.uol.com.br/ > (02/11/96).

9) MITCHELL, William. "The City of Bits". Boston: MIT Press, 1995, p.166 (tradução do autor).

10) MITCHELL, William. Op.Cit., p.167.

11) HARVEY, David. Op.Cit., p.69.

12) Wired, 3.06, june 1995, p. 87-102.

13) HARVEY, David. Op.Cit., p.69.

14) LEMOS, André. Op.Cit., p.9.

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